Como funciona a consulta?
A consulta busca um entendimento global do paciente e do seu problema e o acompanhamento médico segue por prioridades, que são construídas junto com o paciente.
- A primeira a ser abordada é a queixa principal que trouxe o paciente até a consulta naquela data. A queixa principal é uma dor na perna durante o exercício? Uma perda de performance? Fazer um check-up? Essa será a prioridade.
- Em paralelo a idéia é entender o contexto esportivo (competitivo, amador, recreativo, por saúde, por estética) e os objetivos gerais (ficar mais rápido, mais forte, melhorar o peso, ganhar massa magra, controlar os níveis de pressão e glicemia, melhorar ou prevenir dores e lesões…) e específicos de cada paciente (Maratona em 3 meses, Ironman em um ano, ciclo olímpico, futebol de fim de semana, TAF…) e usar todas as ferramentas da medicina esportiva no direcionamento desses objetivos.
Desenvolvi pessoalmente a imagem abaixo para ilustrar a atuação do Médico do Esporte e tornar mais fácil o entendimento.
Qual a duração da consulta?
Aproximadamente 1 hora, com retorno em 30 dias. Não estão incluídos eventuais exames adicionais como bioimpedância ou ultrassonografia, nem administração de medicações.
Avalia coração?

Sim. Quanto maior a intensidade do esporte praticado, maior o risco de desencadear eventos perigosos (isquemia, arritmia, morte súbita) em um coração que tenha algum substrato patológico (alguma doença silenciosa). Faz parte da avaliação do médico do esporte a abordagem cardiovascular pela anamnese (entrevista médica), exame físico e eventuais exames complementares.
Dá atestado para esportes e competições?
Sim, porém como uma consequência de uma avaliação completa, envolvendo a avaliação cardiológica mencionada acima e avaliação dos demais segmentos que podem ser limitantes para a aptidão esportiva, como pulmonar, musculoesquelético, articular, etc. Normalmente são necessárias duas consultas ou mais para que haja informações médicas suficientes para a emissão do atestado. A primeira consulta avalia quais e se exames complementares serão necessários e no retorno é feita a análise dos resultados e conclusão quanto à aptidão para determinado esporte.
Atende lesões?

Sim! É uma das maiores demandas do médico do esporte. Lesões são comuns e frequentes no esporte, desde o iniciante até os mais experientes, e em sua grande maioria não requerem tratamento cirúrgico. As lesões que não precisam de cirurgia são de competência do Médico do Esporte sim.
Realiza procedimentos para lesões?

Hoje, no consultório, é possível realizar alguns procedimentos, como punções e infiltrações. As punções são quando, por meio de agulha e seringa, aspiramos o conteúdo, seja de uma articulação doente, um cisto que provoque sintomas, hematomas que não são reabsorvidos após algum trauma, por exemplo. As infiltrações são parecidas, mas ao invés de aspirar injetamos alguma medicação, que podem ser corticóides para melhorar a inflamação e dor no local, ácido hialurônico, para melhorar a lubirificação e reduzir a dor em articulações com desgaste (artrose e lesões sintomáticas de cartilagem), e anestésicos, para inibir a dor e que podem servir também como testes diagnósticos para elucidar a fonte da dor do paciente. Cada caso é avaliado individualmente para sabermos se os procedimentos são uma opção terapêutica vantajosa ou não e a decisão de sua realização é conjunta.
Faz cirurgia?
Não. As cirurgias (nos casos das lesões músculo-esqueléticas com indicação cirúrgica) são realizadas pelos especialistas em Ortopedia e Traumatologia. Nos casos em que a cirurgia for a opção de tratamento indico cirurgiões especialistas para cada caso e me coloco à disposição para o suporte clínico pré e pós cirúrgico necessário caso a caso, interdisciplinarmente.
Passa dieta?
Prescrever uma dieta ou plano alimentar propriamente não faz parte da minha prática.
Frequentemente a alimentação está relacionada com a queixa ou a queixa pode ser melhorada através da alimentação. O que acontece muitas vezes é que é necessário entender como o paciente se alimenta para agregar mais informações sobre o quadro de saúde dele. O recordatório alimentar e a pesquisa de frequência de consumo de certos alimentos muitas vezes são abordadas em consulta e algumas orientações iniciais com foco qualitativo são sugeridas. As premissas de desenvolver a autonomia e o conhecimento sobre alimentação do paciente são norteadoras de condutas.
Entendo que cuidados dietéticos de alta qualidade, padrão-ouro são de competência do nutricionista, com a elaboração de plano alimentar individualizado, calculado em cima de macro e micronutrientes e com os devidos ajustes após os feedbacks. Porém, compreendo também que certas vezes o paciente não está pronto ou tem o engajamento suficiente para um encaminhamento em um primeiro momento, ou ainda teve uma experiência ruim anterior que precisa ser ressignificada. Assim, nessas ocasiões procuro facilitar esse processo de aceitação que o encaminhamento é importante, respeitando o tempo do paciente.
Passa suplementos?
Os suplementos alimentares são a “cereja do bolo” de uma alimentação saudável. Tudo deve começar com um entendimento e otimização da rotina alimentar, o que inclui o estímulo ao conhecimento e autonomia, como mencionados acima. No entanto, alguns suplementos são sim frequentemente úteis, por uma série de razões. Praticidade, digestibilidade, palatabilidade, apetite, carência do nutriente em fontes alimentares, etc; de forma que sim, a suplementação pode ser indicada durante nosso acompanhamento.
Avalia massa gorda e massa magra?

Sim. Em uma grande parcela dos casos é importante uma avaliação da composição corporal mais aprofundada do que apenas o peso na balança e o cálculo do IMC. Temos um aparelho de Impedanciometria para análise de composição corporal que de forma ágil, rápida, sem exposição à radiação ionizante, nos permite um resultado com boa precisão e permite reavaliações com praticidade.
Importante dizer que o método possui suas limitações e seu resultado deve ser interpretado com cautela, por isso é fundamental não apenas fazer o exame, mas discuti-lo com um profissional capacitado.
Alguns cuidados são recomendados no preparo do exame. De forma geral é importante a cada reavaliação buscar fazer o mesmo preparo, fazer o exame no mesmo dia da semana, no mesmo horário do dia, com intervalo desde a última refeição e treino semelhantes.
Abaixo alguns exemplos de avaliações por bioimpedância bem ilustrativos:

Imagem 1: Paciente de 59 anos, atleta de provas de endurance. Exame revelando baixa reserva muscular, “escondida” dentro de um peso normal, que poderá apresentar comprometimento importante de saúde e funcionalidade (autonomia) nos anos seguintes. Diagnóstico precoce com possibilidade de intervenção com melhores resultados.
Imagem 2: Paciente praticante de musculação de longa data com queixa de estagnação dos resultados sobre a composição corporal. A reavaliação pela bioimpedância possibilitou demonstrar um resultado relevante após as intervenções sugeridas na primeira consulta que passariam despercebidas na avaliação somente pela balança.
Imagem 3: Paciente com peso e IMC elevados (sobrepeso). A bioimpedância, porém, mostra uma excelente composição corporal, com massa muscular muito elevada e massa e percentual de gordura ótimos.
Cuidados para realização da bioimpedância:
- Não realizar no período menstrual ou pré-menstrual.
- Não fazer o exame se gestante ou na suspeita de gestação.
- Realizar o exame de bexiga vazia.
- Ingerir no mínimo, 2l de água no dia anterior.
- Não fazer exercícios físicos intensos nas 8h que antecedem o exame.
- Não ingerir bebidas alcoólicas e/ou bebidas contendo cafeína (café, refrigerante, chá preto, chá mate, chocolate) nas 12h que antecedem o exame.
- Evitar o uso de medicamentos diuréticos ou que cursem com retenção hídrica no dia anterior ao exame.
- Não realizar o exame se portador de marca-passo.
- Jejum de 2 a 4 horas.
É possível agendar a bioimpedância separadamente?
Sim! Entrando em contato:
Realiza “Modulação Hormonal”? Prescreve anabolizantes?
“Modulação hormonal” é um eufemismo para a prescrição de esteróides anabolizantes. A imensa maioria dos casos em que é indicada não há hipogonadismo verdadeiro, que justifique o seu uso. Quando há hipogonadismo, que pode ocorrer por trauma testicular, agenesia, criptorquidia, síndromes genéticas, torção testicular, câncer, irradiação e etc, o profissional que deve assistir o paciente é o endocrinologista (consulte sempre o nome do médico na ferramenta de busca do Conselho Federal de Medicina para verificar a especialidade do médico e se ele possui RQE, registro no quadro de especialistas).
Os hormônios anabolizantes são usados com a intenção de aumentar a disposição, aumentar a capacidade de treino e melhorar a composição corporal. Teoricamente na “modulação hormonal” são usados em doses mais baixas do que em pessoas que buscam grande hipertrofia muscular, também haveria um risco menor de efeitos adversos. No entanto, mesmo em doses menores há inibição do eixo hormonal, seu organismo entende que não precisa produzir os hormônios masculinos uma vez que eles já estão circulando em quantidade grande (feedback negativo). E mesmo em doses menores o paciente está sujeito a desenvolver os efeitos colaterais (claro, chances menores quando comparado ao uso de grandes doses) – aumento da pressão arterial, piora do perfil lipídico com queda do colesterol bom (HDL) e aumento do ruim (LDL), hemoconcentração (aumento da concentração de células vermelhas no sangue) e aumento da coagulabilidade (essas quatro em conjunto levando a um grande aumento do risco de AVC e infarto cardíaco), infertilidade, atrofia testicular, além de virilização (masculinização da aparência), hirsutismo (crescimento e distribuição de pêlos com padrão masculino), mudança no timbre de voz, acne e oleosidade em mulheres.
Recusa atendimento a quem usa anabolizantes?
Apesar de não recomendar o uso de anabolizantes com finalidade estética ou esportiva, a recusar atendimento a um usuário não é uma boa prática médica. Este paciente também necessita de cuidados, de acolhimento, como qualquer um e até mais pelo risco que essas substâncias carregam. É necessário então acompanhar, avaliar os principais sistemas que podem ser acometidos pelos efeitos colaterais e buscar a cessação do uso.
Atende criança?
Sim. O esporte está presente desde cedo em nossas vidas, seja de forma lúdica ou já preparatória para competir e buscar performance. Algumas particularidades importantes e queixas frequentes são relativas a especialização precoce, cargas de treino e modalidades adequadas, lesões típicas da idade (apofisites, osteocondrites), alimentação, suplementação, hidratação, hábitos e comportamentos saudáveis. Cuidados especiais e acompanhamento periódico desses pacientes pode ser muito importante para conquistar os resultados desejados no meio esportivo.
Atende idoso?
Com certeza. Idade é um número que muito pouco diz sobre a condição de saúde e de funcionalidade dos indivíduos, e quanto mais olhamos para frente, maiores divergências encontramos entre pessoas de idades parecidas. Acredito que você também consiga pensar em alguém que conheça, na faixa dos 70, 80 anos muito saudável, ativo e independente, e alguém mais novo que ele com aspecto, capacidade física e funcionalidades muito mais prejudicadas. A Medicina Esportiva é importante não só para o idoso mais ativo, atlético, que frequentemente vemos em competições de masters, mas também como para o idoso menos ativo, com maiores restrições físicas, com menor capacidade atlética. Com este último podemos usar as estratégias de exercício, alimentação para manutenção ou melhora da saúde cardiovascular e metabólica e também muscular. A preservação da massa muscular nessa idade é fundamental para a manutenção da autonomia, a promoção de longevidade, independência.
Atende mulher?
Sim. As mulheres atletas apresentam também algumas particularidades de saúde em relação aos homens e às mulheres não-atletas. As oscilações hormonais ao longo do ciclo podem, como é de senso comum, desencadear uma série de sintomas com repercussão sobre os treinos e até competições, caso coincidam. O planejamento de calendário menstrual, tratamento de sintomas importantes relacionados ao ciclo é importante e algo que muitas atletas não sabem que é possível. O manejo deve ser feito com o suporte da Ginecologia, melhor ainda a Ginecologia do Esporte.
Além disso, há uma particularidade muito importante e prevalente entre as mulheres atletas. Síndrome da mulher atleta e síndrome da deficiência energética relativa nos esportes. Pode cursar com alterações menstruais, desde sutis até a parada completa da menstruação, fragilidade óssea favorecendo lesões, notadamente as fraturas por stress, desencadeadas pela baixa ingestão alimentar, que pode ou não estar relacionada a um distúrbio alimentar.
Atende telemedicina?
Sim! A telemedicina é uma ferramenta inovadora, com suas potencialidades e limitações. Possibilita o atendimento a partir de qualquer lugar do mundo, sem necessidade de viagem, deslocamento ou grande programação. É excelente em muitas situações de retornos, avaliação de alguns tipos de exames, tirar dúvidas… No entanto, situações que precisem de um exame clínico mais detalhado (uma medida de pressão arterial com a técnica médica, um exame clínico ortopédico, só pra citar alguns exemplos) sem dúvida infelizmente ficam comprometidas.
Passei mal durante uma prova, treino ou jogo. Devo consultar um médico do esporte?
Sim! Existem algumas situações diferentes que podem levar a quadros assim. Desidratação, hipertermia, hiponatremia, arritmia, hipotensão postural… É muito importante avaliar, buscar o diagnóstico, afastar situações de maior gravidade. O Médico do Esporte, unindo o conhecimento da fisiologia do exercício, fisiopatologia dessas doenças e a clínica é o profissional indicado para se procurar.